A
indústria dos quadrinhos vive sua era de ouro para modelos femininos
extraordinários. A cada poucos meses, temos mais séries estrelando
mulheres que merecem ser admiradas: super-heroínas que lutam contra
o sexismo no trabalho de dia e combatem o mal à noite, detetives
duronas que lutam para evitar crises públicas e pessoais,
adolescentes tentando construir um mundo mais gentil e livre de
preconceitos. E entre elas, usando maquiagem de palhaço, encontra-se
a antítese de tudo isso, Arlequina.
Origem
da personagem
Ao
contrário do que a maioria das pessoas pensa, a história da
Arlequina não começou nas páginas dos quadrinhos. Ela apareceu
pela primeira vez em um meio completamente diferente. Paul Dini a
criou em um episódio de 1992 da série Batman: The Animated Series,
intitulado “Favor do Coringa”. Na série, a personagem foi
apresentada sem alarde, apenas como uma das capangas do inimigo
número 1 do Batman, ainda que com visual e voz distintas.
Arlequina
era para ser nada mais do que um personagem de apenas um episódio
quando fez sua estreia na série. Mas ela rapidamente se tornou uma
das personagens favoritas dos fãs. Primeiro, dando ao Coringa uma
parceira que mudaria seu caráter para sempre, então se tornando um
ícone feminista e um fenômeno de merchandising.
Uma
personagem que posteriormente transitou pelos desenhos animados,
histórias em quadrinhos, videogames e mais recentemente às telonas,
interpretada por Margot Robbie.
A
história surpreendente da personagem aconteceu quando o escritor
Paul Dini estava doente em casa e por acaso assistiu a um episódio
da telenovela Days Of Our Lives na TV. Um dos personagens tocava um
arlequim em uma sequência de sonhos, o fazendo pensar.
Quando
viu aquilo lembrou que outros personagens como Charada e Pinguim
tinham suas próprias gangues, por que não o Coringa?
Partindo
do nome, um trocadilho com a palavra arlequim, houve uma série de
pesquisas sobre como seria o traje da personagem. Pegaram o chapéu
de bobo da corte e os padrões de diamante, o colarinho franzino e as
bolinhas, entre outras características.
Para
os padrões das cores vermelha e preta em seu traje, a ideia surgiu
de um personagem clássico dos quadrinhos dos anos 40 chamado
Demolidor. O personagem tinha uma roupa colada ao corpo metade preta
e metade vermelha, então os criadores não pensaram muito em
copiá-la.
Personalidade
forte
Harleen
Frances Quinzel, a Arlequina é a personagem feminina mais vendida
nos quadrinhos, sendo casualmente homicida, alegremente amoral e
mentalmente desequilibrada.
Não
é de admirar que Arlequina tenha se tornado um personagem tão
controverso na cultura pop. Alguns a abraçaram como um ícone do
feminismo, por ser uma vilã louca e violenta como vilões
masculinos. Mas outros argumentam que ela é apenas o brinquedo do
Coringa, especialmente depois que ela troca de roupa. Na televisão,
nos quadrinhos, nos videogames e agora no cinema, ela encarna esses
dois papéis, a da doutora e da psicopata.
Arlequina
foi introduzida na série para ser apenas uma das capangas do
Coringa. Como única integrante feminina do grupo de vilões, ela
tinha um segredo não tão secreto: era apaixonada pelo seu chefe
lunático.
Porém
seus sentimentos permaneceram não correspondidos, pois os produtores
não gostavam da ideia do Coringa ter uma namorada, já que isso o
tornaria mais humano e mais simpático. A série, mesmo que infantil,
estava escrita para trazer um Coringa mais sério.
Mesmo
assim ela voltou para mais um episódio antes de enfim tornar-se uma
personagem regular. Ela não era apenas uma mulher com curvas
acentuadas em uma fantasia apertada, como também encarava os homens
de igual para igual.
No
climax de um dos episódios ela diz ao Batman “Eu sei o que você
está pensando! ‘Que vergonha, pobre coitadinha inocente como ela,
enganada por más companhias!’”. Antes de pegar uma faca e tentar
matá-lo.
Ainda
que problemática ela tornou-se um dos pilares da série. O Coringa
era abusivo em relação à Arlequina, batendo ou jogando-a para fora
de um prédio, tudo isso enquanto praticava seus jogos mentais
sádicos com ela. Mas ela estava apaixonada.
A
série retratou os padrões de violência doméstica contra a mulher,
onde ele a espancava e maltratava antes de cortejá-la. Em certo
momento ela se explicava “não entenda mal, meu Pudinzinho é um
pouco rude, mas ele me ama de verdade”.
Isso
não quer dizer que ela não se rebelou. Em um certo episódio,
chocada que o Coringa a abandonaria por uma missão para explodir
Gotham, Arlequina apontou uma metralhadora para ele, que zombou
dizendo: “Você não tem coragem”.
Acontece
que quando ela puxou o gatilho, a arma apenas disparou uma placa
escrita “Rat tat tat”. Mas sua vontade de matar seu agressor,
aparentemente, foi uma mudança para o Coringa, e os dois se uniram.
Quadrinhos
Depois
da personagem já ter conquistado seu espaço dentro do universo do
morcego, era hora de contar como Arlequina se juntou ao sádico
Coringa.
No
quadrinho Batman Adventures: Mad Love, Harleen Quinzel
foi apresentada como uma doutora psiquiatra que trabalhou no Asilo
Arkham. Enquanto estava lá, Harleen ficou muito interessada nas
várias psicoses do Coringa. Prometendo que desbancaria o vilão,
começou a escrever artigo sobre seus métodos de trabalho, onde os
dois passaram por muitas horas sozinhos em suas sessões.
Durante
essas interações intensas, em vez disso, foi o Coringa que dobrou
Harleen. O vilão entrou em sua mente e quando ele escapou do asilo,
ela se preocupou com a segurança dele. Quando Batman capturou o
Coringa e o trouxe de volta para a prisão, o amor de Harleen pelo
vilão foi exposto.
O
videogame e a repaginada na personagem
Arlequina
evoluiu desde os anos 90, tanto no visual quanto no comportamento. A
maior mudança veio em 2009 com o popular videogame Batman:
Arkham Asylum, onde ela trocou seu traje vermelho e preto
de corpo inteiro por um espartilho muito mais revelador e tranças
loiras.
A
história de seu relacionamento com o Coringa também ficou mais
sombria. No jogo, ela claramente perdeu sua sanidade e não tem
esperança de escapar do abuso.
Novos
52 e Esquadrão Suicida
A
Arlequina encontrada nos quadrinhos Novos 52 parece ser uma mistura
da personagem original e da encontrada na nova série de videogames.
É nos Novos 52 que ela se torna um membro do Esquadrão Suicida, um
grupo ao qual ela nunca foi amarrada anteriormente. Lá ela ostenta
ainda outro olhar e uma atitude um pouco mais agressiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário