segunda-feira, 25 de maio de 2020

Conheça a Escola de Belas Artes de Paris e sua importância (Texto publicado pela Agência Pandartt)



Se você deseja ingressar em uma escola de arte de alto nível, pode escolher estudar na Escola de Belas Artes de Paris. A escola possui mais de 350 anos de história, formando diversos grandes artistas em toda a Europa. O estilo Beaux Arts, baseado na Antiguidade Clássica, preserva formas idealizadas, e passa o estilo às gerações seguintes.

A Escola de Belas Artes de Paris é formada por um grande conjunto de edifícios acadêmicos de artes na França, próximo ao Museu do Louvre. Por ali passaram diversos nomes importantes do meio artístico como os pintores Claude Monet e Pierre-Auguste Renoir, entre outros.

Uma Breve História da Escola de Belas Artes de Paris

A escola foi fundada em 1648 por Charles Le Brun. Nos seus primeiros dias, era conhecida como Academia de Belas Artes (Académie des Beaux-Arts) e foi inaugurada graças ao cardeal Jules Mazarin. O cardeal veio da Itália e foi um político e diplomata célebre. Ele também serviu como ministro do jovem rei Luís XIV, que tinha apenas 5 anos na época.

Como na maioria das coisas, a França estava determinada a ser referência em tudo, e isso incluía as instituições de arte. Naquela época, a Itália era conhecida em todo o mundo por seus célebres artistas e mestres, e já contava com muitas escolas de arte em Roma e Florença. Recusando ser superado por seus colegas italianos, a Escola de Belas Artes de Paris foi aberta.

A escola era muito restrita no processo de admissão de alunos. Entretanto, uma vez que você entrasse, poderia ter acesso às aulas de desenho, pintura, escultura, gravura ou arquitetura. À medida que Luís XIV crescia, ele finalmente passou a escolher os graduados mais talentosos para ajudá-lo a decorar seu palácio em Versalhes.

Em 1863, Napoleão III decidiu dar à escola independência do estado francês. O nome da escola foi então oficialmente alterado para l'École des beaux arts.
Escola de alto nível

Então, a partir daquele ponto, a escola se aprimorou ainda mais nas artes plásticas. Havia dois currículos disponíveis para seus alunos. O primeiro era a “Academia de Pintura e Escultura” e o segundo a “Academia de Arquitetura”. Ambas as opções focavam no estudo da mais clássica de todas as artes, a da Grécia Antiga e Roma.

A competição dentro da Escola de Belas Artes de Paris era muito acirrada. Os alunos eram obrigados a provar e aperfeiçoar suas habilidades concluindo tarefas básicas de desenho. Tudo isso acontecia antes que pudessem passar para aulas mais avançadas de desenho figurativo. Somente quando atingissem um alto nível de aperfeiçoamento, é que passavam para a pintura.

No final do século XIX e início do século XX, a escola era vista como rígida demais em sua estética. Isso ocorre na época do advento dos movimentos de arte moderna como o impressionismo, o expressionismo, o fauvismo e o cubismo.

Além disso, a cada ano, um aluno especial recebe o Grand Prix de Rome, que inclui uma bolsa para estudar arte em Roma. Muitos dos artistas que ganharam a bolsa tornaram-se mundialmente famosos como Pierre-Auguste Renoir e Jean-Honoré Fragonard.


Surpreendentemente, o escultor Auguste Rodin solicitou a bolsa e foi rejeitado três vezes. Rodin é um dos escultores mais renomados do meio artístico. O que só prova a intensidade e o nível de competição que existe dentro da escola.

Cursos de Arte

A maioria dos cursos de graduação na Escola de Belas Artes de Paris tem duração de 5 anos. São oferecidos cursos práticos de pintura, escultura, modelagem, fundição, pintura a fresco, gravura, vitral, fotografia, serigrafia, litografia, morfologia, imagem digital e arquitetura.

As disciplinas acadêmicas incluem a história da arte, teorias críticas da arte, psicologia da arteterapia, estética, cinema e literatura. Também há disponível um curso de 2 anos conhecido como Sena. O programa é oferecido pela escola a estudantes de todo o mundo para ajudá-los a desenvolver suas sensibilidades artísticas por meio de críticas, pesquisas e trabalhos experimentais.

Admissão

A admissão na Escola de Belas Artes de Paris é considerada apenas para estudantes titulares de um bacharelado (ou equivalente) e com idade entre 18 e 24 anos. Os estudantes que se inscreverem para o segundo ano podem ter até 26 anos. Os estudantes estrangeiros são aceitos, mas é necessário um bom conhecimento de francês. Isso será testado por um júri durante a entrevista de admissão.

Todos os documentos educacionais também precisam ser traduzidos e possuir certificados para o francês. Geralmente, as inscrições são abertas em fevereiro, com entrevistas em março e abril.

A arquitetura da Escola de Belas Artes de Paris

O prédio que abriga a escola é tão interessante que merece uma seção própria. Segundo o site da escola, a maioria dos edifícios data dos séculos XVII e XIX. Os edifícios mais antigos foram construídos no início do século XVII como parte de um mosteiro. Estes edifícios foram convertidos no Museu de Monumentos Franceses durante a Revolução Francesa.

Depois que o museu foi fechado em 1816, os edifícios foram entregues novamente à Escola de Belas Artes. O restante dos edifícios foram erguidos graças a um arquiteto chamado Félix Duban, em 1830.

Todos os edifícios do complexo foram classificados como monumentos históricos em 1972. A escola em si não possui apenas uma arquitetura incrível, mas também é o berço de um movimento arquitetônico chamado de Beaux Arts. Esse estilo arquitetônico é considerado uma combinação dos estilos neoclássico, gótico e renascentista francês, com a incorporação de vidro e ferro.

Artistas famosos que frequentaram a Escola de Belas Artes de Paris

Dentre os mais célebres ex-alunos da escola, estão:

Bernard Buffet, pintor;
Edgar Degas, pintor;
Eugène Delacroix, pintora;
Jean-Honoré Fragonard, pintor;
Charles Garnier, arquiteto que projetou a Opéra Garnier em Paris;
Hubert de Givenchy, designer de moda;
Gustave Moreau, pintor;
Meta Vaux Warrick Fuller, escultora, pintora e poeta afro-americana;
Pierre-Auguste Renoir, pintor;
Alfred Sisley, pintor;
Valentino, designer de moda;
Alice Morgan Wright, escultora americana.

Você pode notar que há poucas mulheres nesta lista. Isso ocorre principalmente porque as mulheres não foram autorizadas a frequentar a escola até 1897.

Coleção de arte


A Escola de Belas Artes de Paris possui uma das melhores coleções de pinturas, esboços, desenhos arquitetônicos e documentos de ex-alunos da escola. Dentro da coleção há mais de 200 pinturas dos participantes do Grand Prix de Rome expostas.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Contraceptivos irreversíveis: quais são, como funcionam e alternativas (Texto publicado pela Agência Pandartt)



Os contraceptivos são métodos que homens e mulheres encontram para evitarem uma possível gravidez indesejada. Existem várias maneiras de o casal se prevenir, que vão desde medicamentos e aparelhos (reversíveis) ou através da realização de cirurgias (irreversíveis). Embora o índice de eficácia seja o mais seguro, os contraceptivos irreversíveis requer alguns cuidados que homens e mulheres devem levar em consideração antes da decisão de prosseguir com a cirurgia.

Existem duas opções de esterilização, a vasectomia para os homens e a ligadura das trompas para as mulheres. No caso dos homens a cirurgia ainda pode ser revertida em 3 ou 4 anos, já as mulheres não possuem essa opção. Por se tratarem de procedimentos cirúrgicos, os médicos aconselham que essa seja a última alternativa para o casal, pois requerem diversas condições para a realização dos procedimentos.

Esterilização Masculina: Vasectomia

Considerada um dos contraceptivos mais seguros que existem, a vasectomia é um procedimento cirúrgico simples, rápido e indolor que pode ser feito até mesmo em ambulatórios, com o paciente podendo retomar suas atividades diárias assim que o processo for finalizado. É um procedimento 100% seguro, feito apenas com anestesia local e que não requer necessidade de hospitalização.

A vasectomia consiste na interrupção da circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos e depois conduzidos pelo epidídimo. Do epidídimo os espermatozoides caem nos canais deferentes e em seguida desembocam na uretra, para então serem expelidos na ejaculação. Exemplificando, trata-se da extração de um dos canais responsáveis por transportar os espermatozoides.

É importante salientar que a ejaculação continuará ocorrendo normalmente e a cirurgia não afeta o funcionamento do órgão sexual masculino. Alguns homens têm receio que os contraceptivos irreversíveis possam de alguma maneira afetar a sua virilidade masculina. Mas essa é uma falsa informação, já que a vasectomia apenas deixa o homem estéril, ou seja, incapaz de ter filhos.

O homem segue reproduzindo seus hormônios de maneira natural. Após a retirada desse canal, é importante entender que apenas o sêmen não recebe mais os espermatozoides responsáveis pela fecundação do óvulo.

Um dos receios dos homens é quanto a sentir dor durante as relações sexuais. É preciso esclarecer que alguns poucos pacientes chegam a reclamar de pequenas dores nos testículos, que é justamente onde foi feito o bloqueio da passagem dos espermatozoides para o sêmen no momento da ejaculação.

Mas na maior parte dos casos, não há o que temer. As relações sexuais acontecem normalmente sem qualquer tipo de desconforto e o prazer será sentido normalmente.

Uma diferença que pode acontecer é quanto a consistência do esperma, que pode ser que fique mais líquido quando o normal é que seja mais grosso.

Esterilização Feminina: Ligadura das Trompas

Também conhecida como “laqueadura tubária”, a ligadura das trompas uterinas é uma intervenção cirúrgica que esteriliza a mulher permanentemente. Trata-se de cortar as trompas de Falópio em sua parte mediana, para evitar que o óvulo seja fecundado e chegue ao útero. Em outras palavras, o objetivo aqui é cortar as trompas e amarrar suas extremidades para impedir a descida do óvulo e a subida do espermatozoide até o local.

Há dois tipos de ligaduras: Abdominal e vaginal

As ligaduras de trompas abdominais são as minilaparotomia e a videolaparoscopia.

  • Minilaparotomia: procedimento onde é feito um pequeno corte acima da região do pubis.
  • Videolaparoscopia: realizada por meio da introdução de uma minicâmera de vídeo no abdômen.

Há também dois tipos de ligaduras vaginais, conhecidas como colpotomia e histeroscopia.
  • Colpotomia: incisão pelo fundo-de-saco posterior da vagina

  • Histeroscopia: permite acesso às trompas através da cavidade endometrial

A eficácia dos procedimentos é de praticamente 100%. Diferentemente da vasectomia, nas duas intervenções cirúrgicas não há a possibilidade de reversão. Portanto, antes da realização da cirurgia, a mulher precisa estar completamente convicta dessa decisão.

O procedimento é simples porém é necessário hospitalização da paciente. O procedimento é realizado com anestesia geral ou regional e a recuperação varia de acordo com a mulher. É recomendado atividades leves de 24 a 48 horas após a realização da cirurgia.

A ligadura não afeta os níveis hormonais femininos, não comprometendo o relacionamento sexual, assim como também não altera o ciclo menstrual. Aliás, acredita-se que esse procedimento diminui o risco de câncer no ovário.

Mesmo raro, há casos em que esses contraceptivos irreversíveis falhem e a mulher acabe engravidando, mas essa taxa é bem pequena. Isso ocorre com cerca de 0,1 a 0,3 por 100 mulheres por ano.

Dúvidas pertinentes

  1. Tanto a vasectomia quanto a ligadura das trompas podem ser realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas são indicadas apenas para maiores de 25 anos, ou com pelo menos 2 filhos. Também é necessário aguardar 60 dias após a manifestação dessa vontade. Nesse tempo um aconselhamento multidisciplinar será oferecido com o intuito de desencorajar a esterilização precoce.

  2. O período seguro recomendado pelos médicos para a mulher ter relações sexuais após a cirurgia de ligadura das trompas é de uma semana à 3 meses.

  3. Os contraceptivos irreversíveis masculino ou feminino não necessitam de revisão constante pois são intervenções que não afetam a saúde.

  4. O homem pode desfazer a vasectomia. Entretanto em alguns casos infelizmente isso não é possível pois a produção de anticorpos destroem os espermatozoides que são produzidos.


Alternativas

Para aqueles que ainda sonham em constituir uma família, são recomendados outros modos de prevenção à gravidez. Não existe método melhor ou pior, apenas aquele que se encaixa melhor no perfil do casal. Os mais conhecidos são:

  • Coito Interrompido: o método mais antigo que existe e o menos confiável. Trata-se do homem retirar o pênis da vagina da mulher pouco antes de ejacular.

  • Tabelinha: a abstinência sexual durante o período fértil da mulher, que costuma acontecer por volta do 14º dia após o primeiro dia da menstruação, é pouco utilizada por vários fatores. Um deles é que nem todas as mulheres possuem ciclos regulado, além do dia da ovulação que pode variar.

  • Camisinha masculina: Comparada com os métodos anteriores, a camisinha tem de 2 a 18% de eficácia. Além da contracepção, também é uma maneira eficaz de evitar doenças sexualmente transmissíveis.

  • Camisinha feminina: Menos popular, a camisinha feminina apresenta melhores resultados contraceptivos. Cerca de 5% de eficácia contra a gravidez e seu material feito de plástico, tem uma resistência maior contra as DSTs.

  • Dispositivo Intrauterino (DIU): é um método bastante utilizado. Feito de polietileno, com substâncias de ações de anticoncepção quando inseridos no útero.

  • Contraceptivos hormonais: a pilula anticoncepcional é a mais conhecida e uma das mais utilizadas entre as mulheres. O efeito da ingestão da pilula é impedir a ovulação através de hormônios sintéticos.

  • Contraceptivos hormonais injetáveis: um método que tem se tornado bastante popular, pois é difícil de esquecer, já que sua aplicação é mensal ou trimestral. Além de ser reversível, já que a mulher pode engravidar assim que suspender o medicamento.

  • Contraceptivo hormonal de uso vaginal (anel): contém os mesmos hormônios da pilula. Não é tão popular por conta do alto valor e não conta com a distribuição do SUS. Possui a mesma eficácia da pilula.

  • Implantes contraceptivos: mesmo tendo duração de 3 a 5 anos, é um tratamento reversível. Através de uma pequena cirurgia, é colocado um implante debaixo da pele que libera hormônios impedindo a ovulação.

Não existe nenhum anticoncepcional 100% eficaz, até mesmo os contraceptivos irreversíveis podem apresentar falhas. Mas apenas um é capaz de evitar gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis: os preservativos.



Amilcar de Castro foi um brasileiro importante para a arte (Texto publicado pela Agência Pandartt)



Amilcar de Castro estabeleceu uma reputação imponente com suas esculturas em grande escala feitas de grossas folhas de ferro. Comparado pelos críticos aos “recortes de aço de um alfabeto imaginário” ou ainda “abstrações gigantes de aviões de papel”, suas obras possuem formas simples e ainda destinam-se a criar peças delicadas de luz e sombra.

Suas esculturas de ferro foram projetadas para instalações ao ar livre, visando incentivar a interação com os elementos. Desse modo, convida o espectador a deliciar-se com as formas e os padrões que a ferrugem aborda em suas vastas superfícies.

Início da carreira

Filho de um importante promotor e juiz municipal, acabou formando-se em direito, entretanto, ainda nesse período, já começava a mostrar aptidão para desenho, pintura e escultura.
Sua carreira teve início na área do design gráfico, onde teve papel fundamental ao ser o responsável pela revolução gráfica do design de diversos jornais brasileiros da década de 1950. Sua maior contribuição é ligada diretamente ao Jornal do Brasil.
Durante sua juventude acumulou diversas participações ligadas a bienais de arte do Rio de Janeiro e Salvador. Quando recebe o prêmio de primeiro lugar de escultura no Salão Nacional de Arte Moderna da Bahia, passa a ter contato com concretistas do estado de São Paulo.

Manifesto neoconcreto

Amilcar de Castro
foi um dos artistas mais prolíficos a trabalhar com o legado construtivo da cena artística brasileira. De Castro foi co-signatário do Manifesto neoconcreto em 1959, ao lado do poeta Ferreira de Gullar e das artistas visuais Lygia Clark e Lygia Pape.
Só a partir da década de 1960 começa a se concentrar em criar esculturas. Tendo sua principal expressão situada no Rio de Janeiro, os neoconcretistas se distanciaram da característica racionalista rígida do concretismo desenvolvida pelo grupo paulista.
Desse modo acabam sendo mais abertos ao orgânico, à subjetividade, à experimentação e à incorporação de sentimentos entre artista, observador e obra de arte. Seus métodos adotatos podem ser vinculados diretamente aos trabalhos realizados ainda como designer gráfico, do mesmo modo que se associa a sua herança mineira.
Apesar de ser menos conhecido em Portugal e no resto da Europa, participou de momentos marcantes da arte brasileira do pós-guerra, como a 2ª Bienal de São Paulo (1953) e a Exposição Nacional de Arte Concreta (1956).
Ele também participou da exposição internacional Konkrete Kunst em Zurique. Também em 1968, foi para os EUA com uma bolsa da Fundação Memorial Guggenheim. Mais tarde, voltou ao Brasil e se estabeleceu em Belo Horizonte.
Neoconcretismo e a relação artística entre duas cidades do Brasil

O neoconcretismo foi um movimento artístico localizado no Rio de Janeiro em contraposição ao movimento concreto, nascido em São Paulo. Foi criado na década de 1950, quando o país vivia uma fase excepcional de desenvolvimento em todas as áreas: econômica, política e cultural. O neoconcretismo surge a partir do movimento concreto.

Embora, por outro lado, eles tivessem grandes diferenças que podem ser vistas não apenas na concepção da arte, mas nas cores utilizadas nas pinturas e também no modo de pensar a cidade e o cotidiano. As ideias também mostram as ambivalências, diferenças e características das duas grandes e mais famosas cidades do Brasil.

Concretismo e neoconcretismo surgiram nesse mesmo período, trazendo algumas características e acrescentando outras. A arte, como expressão social, reflete o ambiente social na subjetividade do artista, assim como a subjetividade do artista é um reflexo do ambiente social. Os dois movimentos brasileiros surgiram nesse contexto e sua história está diretamente ligada ao panorama político e cultural do país.

O neoconcretismo nascido no Rio de Janeiro em 1959, com a publicação do Manifesto de Neoconcretos pelo poeta Ferreira Gullar, rompe com a apreensão de uma arte inteiramente racional e rígida e inicia a realização de uma obra artística “concreta”, mas mais suave, com o uso de uma subjetividade inerente à arte.

Esse movimento permitiu a adição de outras cores e formas, bem como a imaginação do artista. A arte seguiu os contornos da cidade do Rio, acompanhou a intensidade das cores graças ao sol. Os artistas não eram completamente independentes para fazer o que queriam, mas a paleta de cores era mais ampla. A arte dos neoconcretos tinha um esboço muito específico e a apreensão da racionalidade seguia outro caminho.

Período acadêmico
Após voltar para sua cidade natal, o mineiro passa a dedicar-se a atividades voltadas para a área da educação. Tornou-se professor na Fundação Escola Guignard entre os anos de 1974 até 1977. Em resumo, passou a ensinar expressões bidimensionais e tridimensionais.
Além disso tornou-se também professor de composição e esculturas da Escola de Belas Artes na Universidade Federal de Minas Gerais, cargo que ocupou durante 11 anos, entre 1979 até 1990. Conciliou ainda no ano de 1979 uma turma de escultura na Fundação de Arte de Ouro Preto.
O período em que esteve ligado a área acadêmica não o fez parar de produzir e criar suas esculturas. Durante esse período retomou com intensidade os desenhos gráficos, dando continuidade à escultura que começara a elaborar antes de seu período em solo americano.
De Castro desenvolve esse tipo de trabalho até sua morte. Ele é capaz de expressar a leveza de uma folha de papel em suas esculturas de aço, criando inúmeras variações do mesmo plano.
Diálogo de suas obras
Seu trabalho emprega o corpo, a materialidade e a geometria para abordar abstratamente ocorrências familiares, mas muitas vezes despercebidas, como a experiência cotidiana de como um corpo interage, altera e geralmente se move pelo mundo.

Ao longo de 4 décadas seus trabalhos não sofreram qualquer desvio, mantendo-a sempre em perfeito equilíbrio. Suas obras permanecem em constante diálogo com o espaço externo onde estão situadas. Suas esculturas são concisas, austeras, enxutas, e esse diálogo surge a partir da solidão que acompanha o artista. Tornou-se mestre do corte e da dobra de ferro, fazendo com que suas obras pareçam estabelecer um monólogo sobre si mesmas, em constante indagação crítica.

Ao longo de mais de 50 anos, seus trabalhos apresentam uma potência poética e solidificação de uma linguagem pessoal. Isso acontece através da experimentação dos mais diversos materiais e diferentes técnicas que o artista passou a utilziar. Desde esculturas, desenhos, gravuras e projetos gráficos. Entretanto, o aço Cor-Ten é o elemento forte e predileto nas execuções da grande maioria de suas obras.

O intuito de Amilcar de Castro é dialogar com as raízes construtivas que anunciam diversas novas possibilidades ligadas ao pensamento geométrico da arte, como atividade de construção social.

Arlequina: história, significado e muito mais (Texto publicado para Agência Pandartt)



A indústria dos quadrinhos vive sua era de ouro para modelos femininos extraordinários. A cada poucos meses, temos mais séries estrelando mulheres que merecem ser admiradas: super-heroínas que lutam contra o sexismo no trabalho de dia e combatem o mal à noite, detetives duronas que lutam para evitar crises públicas e pessoais, adolescentes tentando construir um mundo mais gentil e livre de preconceitos. E entre elas, usando maquiagem de palhaço, encontra-se a antítese de tudo isso, Arlequina.

Origem da personagem

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a história da Arlequina não começou nas páginas dos quadrinhos. Ela apareceu pela primeira vez em um meio completamente diferente. Paul Dini a criou em um episódio de 1992 da série Batman: The Animated Series, intitulado “Favor do Coringa”. Na série, a personagem foi apresentada sem alarde, apenas como uma das capangas do inimigo número 1 do Batman, ainda que com visual e voz distintas.

Arlequina era para ser nada mais do que um personagem de apenas um episódio quando fez sua estreia na série. Mas ela rapidamente se tornou uma das personagens favoritas dos fãs. Primeiro, dando ao Coringa uma parceira que mudaria seu caráter para sempre, então se tornando um ícone feminista e um fenômeno de merchandising.

Uma personagem que posteriormente transitou pelos desenhos animados, histórias em quadrinhos, videogames e mais recentemente às telonas, interpretada por Margot Robbie.

A história surpreendente da personagem aconteceu quando o escritor Paul Dini estava doente em casa e por acaso assistiu a um episódio da telenovela Days Of Our Lives na TV. Um dos personagens tocava um arlequim em uma sequência de sonhos, o fazendo pensar.

Quando viu aquilo lembrou que outros personagens como Charada e Pinguim tinham suas próprias gangues, por que não o Coringa?

Partindo do nome, um trocadilho com a palavra arlequim, houve uma série de pesquisas sobre como seria o traje da personagem. Pegaram o chapéu de bobo da corte e os padrões de diamante, o colarinho franzino e as bolinhas, entre outras características.

Para os padrões das cores vermelha e preta em seu traje, a ideia surgiu de um personagem clássico dos quadrinhos dos anos 40 chamado Demolidor. O personagem tinha uma roupa colada ao corpo metade preta e metade vermelha, então os criadores não pensaram muito em copiá-la.


Personalidade forte

Harleen Frances Quinzel, a Arlequina é a personagem feminina mais vendida nos quadrinhos, sendo casualmente homicida, alegremente amoral e mentalmente desequilibrada.

Não é de admirar que Arlequina tenha se tornado um personagem tão controverso na cultura pop. Alguns a abraçaram como um ícone do feminismo, por ser uma vilã louca e violenta como vilões masculinos. Mas outros argumentam que ela é apenas o brinquedo do Coringa, especialmente depois que ela troca de roupa. Na televisão, nos quadrinhos, nos videogames e agora no cinema, ela encarna esses dois papéis, a da doutora e da psicopata.

Arlequina foi introduzida na série para ser apenas uma das capangas do Coringa. Como única integrante feminina do grupo de vilões, ela tinha um segredo não tão secreto: era apaixonada pelo seu chefe lunático.

Porém seus sentimentos permaneceram não correspondidos, pois os produtores não gostavam da ideia do Coringa ter uma namorada, já que isso o tornaria mais humano e mais simpático. A série, mesmo que infantil, estava escrita para trazer um Coringa mais sério.

Mesmo assim ela voltou para mais um episódio antes de enfim tornar-se uma personagem regular. Ela não era apenas uma mulher com curvas acentuadas em uma fantasia apertada, como também encarava os homens de igual para igual.

No climax de um dos episódios ela diz ao Batman “Eu sei o que você está pensando! ‘Que vergonha, pobre coitadinha inocente como ela, enganada por más companhias!’”. Antes de pegar uma faca e tentar matá-lo.

Ainda que problemática ela tornou-se um dos pilares da série. O Coringa era abusivo em relação à Arlequina, batendo ou jogando-a para fora de um prédio, tudo isso enquanto praticava seus jogos mentais sádicos com ela. Mas ela estava apaixonada.

A série retratou os padrões de violência doméstica contra a mulher, onde ele a espancava e maltratava antes de cortejá-la. Em certo momento ela se explicava “não entenda mal, meu Pudinzinho é um pouco rude, mas ele me ama de verdade”.

Isso não quer dizer que ela não se rebelou. Em um certo episódio, chocada que o Coringa a abandonaria por uma missão para explodir Gotham, Arlequina apontou uma metralhadora para ele, que zombou dizendo: “Você não tem coragem”.

Acontece que quando ela puxou o gatilho, a arma apenas disparou uma placa escrita “Rat tat tat”. Mas sua vontade de matar seu agressor, aparentemente, foi uma mudança para o Coringa, e os dois se uniram.

Quadrinhos

Depois da personagem já ter conquistado seu espaço dentro do universo do morcego, era hora de contar como Arlequina se juntou ao sádico Coringa.

No quadrinho Batman Adventures: Mad Love, Harleen Quinzel foi apresentada como uma doutora psiquiatra que trabalhou no Asilo Arkham. Enquanto estava lá, Harleen ficou muito interessada nas várias psicoses do Coringa. Prometendo que desbancaria o vilão, começou a escrever artigo sobre seus métodos de trabalho, onde os dois passaram por muitas horas sozinhos em suas sessões.

Durante essas interações intensas, em vez disso, foi o Coringa que dobrou Harleen. O vilão entrou em sua mente e quando ele escapou do asilo, ela se preocupou com a segurança dele. Quando Batman capturou o Coringa e o trouxe de volta para a prisão, o amor de Harleen pelo vilão foi exposto.

O videogame e a repaginada na personagem

Arlequina evoluiu desde os anos 90, tanto no visual quanto no comportamento. A maior mudança veio em 2009 com o popular videogame Batman: Arkham Asylum, onde ela trocou seu traje vermelho e preto de corpo inteiro por um espartilho muito mais revelador e tranças loiras.
A história de seu relacionamento com o Coringa também ficou mais sombria. No jogo, ela claramente perdeu sua sanidade e não tem esperança de escapar do abuso.

Novos 52 e Esquadrão Suicida

A Arlequina encontrada nos quadrinhos Novos 52 parece ser uma mistura da personagem original e da encontrada na nova série de videogames. É nos Novos 52 que ela se torna um membro do Esquadrão Suicida, um grupo ao qual ela nunca foi amarrada anteriormente. Lá ela ostenta ainda outro olhar e uma atitude um pouco mais agressiva.