terça-feira, 30 de junho de 2015

Resenha de Filme: Invencível


Uma das mais emocionantes histórias de sofrimento e superação, vinda do estoque interminável que foi a Segunda Guerra Mundial e da ferrenha guerra entre Estados unidos e Japão, sempre rendem boas histórias se bem revirado for o fundo do baú. Invencível (2014), segundo filme de Angelina Jolie na direção, é mais um desses que tenta nos fisgar pela dramaticidade que a história apresenta e não pela simples história patriótica de guerra que os americanos tanto gostam. Fazer uma cinebiografia de um reconhecido herói de guerra pode levar o diretor do céu ao inferno em questão de “takes”.

Com uma atuação que não chega a ser brilhante mas que carrega uma carga dramática interminável, Jack O’Connell interpreta Louis Zamperini, medalhista olímpico que é convocado à luta na Segunda Guerra Mundial e acaba tendo seu avião abatido pelas forças do exército japonês em pleno oceano pacífico onde fica à deriva por intermináveis 47 dias. É capturado pelos japoneses e passa o restante do conflito aprisionado em uma prisão militar japonesa. É atormentado pelo temido oficial japonês Mutsushiro Watanabe (Miyavi) no restante da história. A partir daí, a trama gira no confronto entre o prisioneiro americano e o oficial japonês.

O filme é grandioso nos termos técnicos. Tanto os efeitos gráficos quanto a fotografia de Roger Deakins são sensacionais. Peca um pouco na falta de música, num filme tão longo, um pouco de música seria mais interessante, ainda que o silêncio dramático seja necessário em certos momentos. Mas onde o longa deixa mais a desejar é no próprio roteiro, atribuindo um pouco à direção. O filme demora um pouco mais que o esperado para entrar no clímax e isso pode causar incômodo. A direção às vezes parece não conseguir dar conta de uma história tão rica quanto essa. Em um filme baseado em fatos reais, as vezes os diretores precisam uma certa “liberdade cinematográfica” para fazer do longa um filme mais aprovável do que de fato aconteceu.

As interpretações foram muito bem executadas, os atores Garrett Hedlund (Comandante John Fitzgerald) e Domhnall Gleeson (Russell Allen 'Phil' Phillips) tiveram atuações de destaque, Jack O’Connell foi primoroso, a exceção fica por conta de Miyavi. Desde que vi seu nome dentre os principais do filme, eu que conheço a carreira do excêntrico japonês como músico, fiquei curioso em ver um papel de grande porte e diferente de tudo que ele já havia feito em sua carreira, sem os cabelos coloridos ou roupas chamativas. Ele se vai bem até certo ponto, mas talvez a falta motivação e a quebra da característica de seu personagem que amolece numa hora que não deveria, e isso nem pode ser colocado apenas em sua conta, tenha sido um fator que fez com que muitos outros críticos tenham condenado a atuação do artista.

Tanto na sua carreira com filmes blockbusters misturados aos artísticos, quanto na sua vida pessoal, Angelina Jolie nunca foi um produto hollywoodiano embora tenha todos os atributos para isso. Casada com um galã de cinema, dona de atributos que causam inveja às mulheres e são irresistíveis aos homens ao mesmo tempo em que é embaixadora da Unicef na África, Jolie escolheu o caminho mais difícil para estampar sua estrela dentre as tantas de Hollywood. O filme Invencível, não chega a ser o novo “O Resgate do Soldado Ryan” (1988) mas também passa longe de ser um “Pearl Harbor” (2001). Foi mais um grande desafio bem executado na carreira da diferenciada atriz, agora, diretora.


Ficha Técnica

Estreia:
15/01/2015
Gênero:
BiografiaDramaGuerra
Duração: 137 min.
Origem: Estados Unidos
Direção:
Angelina Jolie
Roteiro:
Ethan CoenJoel CoenRichard LaGraveneseWilliam Nicholson
Distribuidor: Universal Pictures do Brasil
Classificação: 14 anos
Ano: 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário