Ele
está de volta. E não veio só. Slash traz em seu novo disco, toda habilidade
musical que por muitos anos permaneceu escondida, porém intacta. “World On Fire” (2014) é seu terceiro álbum
solo, mas podemos dizer que neste trabalho Slash reencontrou o caminho para uma
banda de sucesso. Depois da conturbada saída do Guns n’ Roses no final da
década de 1990 e mais recentemente do fim do Velvet Revolver, mesmo que ainda
não oficializado, o novo álbum do guitarrista mais adorado dos publicitários, é
sem sombra de dúvidas algo além de um projeto solo. É a confirmação de um
grande conjunto de rock.
Juntamente
com a banda The Conspirators, do baterista Brent Fitz, do ótimo baixista Todd
Kerns e do carismático e talentoso vocalista Myles Kennedy, Slash volta aos
holofotes com um álbum audacioso para os tempos modernos, onde singles e
músicas comerciais reinam. Com a bagatela de 17 faixas, a maioria delas escrita
pelo próprio Slash, o novo projeto nada deixa a desejar aos grandes mestres do hard rock. Alguns críticos foram
sucintos em afirmar que a quantidade de músicas prejudicou o álbum. Segundo o
próprio Slash, em entrevista a Rolling Stones Brasil “gostamos mais do
convencional. Fazer um álbum é dedicar muito de nosso trabalho. Não gostamos da
ideia das músicas de publicidade”. Na mosca.
O
“carro chefe” “World On Fire”, música
que leva o nome do álbum, é impactante e diferente do que estamos acostumados
nos anos 2000. Possui uma pegada com riffs simples e diretos que lembram muito
as bandas de hard rock das décadas de
1980 e 1990. Saul Hudson volta para as raízes que o tornaram o grande
guitarrista Slash. O solo é forte e rápido, caminhando pela penta E (mi) por
todo o braço de sua inseparável Les Paul. Uma música até certo ponto grudenta,
pois impregna na mente ao ponto de pegar-se cantarolando em alguns momentos.
Uma verdadeira música “chiclé”. Mas um “chiclé” dos bons, assim como Sweet
Child O’ Mine, do seu antigo Guns N’ Roses.
Outra
ótima música, na minha opinião a melhor, é “Battleground”. Sua letra é daquelas
de tocar no coração, simples, porém com muito conteúdo. Os riffs são lentos e
muito bem trabalhados. Todd aplica uma sequência grave nos baixos e dá o toque
pesado que a melodia precisa. A entrega de Myles aqui é evidente e nos brinda
com sua melhor performance nos vocais. O solo é daqueles que é difícil de
esquecer, tão belo quanto fora “November Rain”. A estrutura da composição vai
aumentando e diminuindo conforme o clímax vai chegando, tornando essa uma
música completa.
Com
destaque para a performance nos palcos, Slash ainda parece incontrolável. O
show, realizado no Espaço das Américas, na Barra Funda, lembrou as grandes
apresentações do ápice do Guns da turnê “Use
Your Illusion”. Percorrendo o palco todo, não parava por um segundo sequer
e a energia transbordava por sua inseparável cartola. Parecia o mesmo jovem de
décadas atrás. Myles também exalava simpatia e bom humor, sempre interagindo
com a plateia quando, entre uma conversa e outra, descobriu que uma de suas fãs
(que havia até escrito “Myles I Love U” no colo) estava fazendo aniversário
naquele dia, para então dedicar a próxima música à ela. Ok, é clichê, mas é
impressionante como o público adora um clichê durante os shows.
Já
o ponto alto para alguns, mas baixo para outros, foi o solo de guitarra da
música “Rocket Queen” que durou mais
de 15 minutos (ao todo, a música durou 22 minutos). Algumas pessoas estavam
empolgadas, com seus celulares a postos para registrar cada dedilhada outros já
estavam de braços cruzados bocejando querendo logo que começasse a próxima
música. Vai dos gosto e idolatria de cada um.
Diferente
de seu primeiro álbum “Slash” (2010),
que contava com diferentes músicos nos vocais como Ozzy Osbourne e Fergie, “Apocalyptic
Love” (2010) e “World On Fire”,
são mais consistentes enquanto banda. Não é difícil imaginar que no futuro essa
seja a formação ideal para o guitarrista inglês voltar a ser protagonista no
mundo do rock. Porém, diferente das bandas anteriores, a sintonia e a comunhão
(sem falar na adoração, por que não?) que Myles tem por Slash, podem fazer
perpetuar o grupo por muito tempo. Em comparação ao Velvet Revolver, dessa vez,
sobraram poucas brechas para músicas experimentais e mais espaço para o que o
Saul Hudson gosta e sabe fazer de melhor, o bom e velho hard rock.
World On Fire - Slash feat. Myles Kennedy & The Conspirators
Selo: Dik Hayd International / Roadrunner Records
Produtor: Michael Baskette
Ano: 2014
Com: Slash (guitarra solo e rítmica), Myles Kennedy (vocal), Todd Kerns (baixo e backing vocals) e Brent Fitz (bateria, percussão e piano elétrico).
Tracklist:
01. World On Fire
02. Shadow Life
03. Automatic Overdrive
04. Wicked Stone
05. 30 Years To Life
06. Bent To Fly
07. Stone Blind
08. Too Far Gone
09. Beneath The Savage Sun
10. Withered Delilah
11. Battleground
12. Dirty Girl
13. Iris Of The Storm
14. Avalon
15. The Dissident
16. Safari Inn
17. The Unholy
02. Shadow Life
03. Automatic Overdrive
04. Wicked Stone
05. 30 Years To Life
06. Bent To Fly
07. Stone Blind
08. Too Far Gone
09. Beneath The Savage Sun
10. Withered Delilah
11. Battleground
12. Dirty Girl
13. Iris Of The Storm
14. Avalon
15. The Dissident
16. Safari Inn
17. The Unholy
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