quarta-feira, 15 de julho de 2015

O futebol que conheci, mudou

Estamos vivenciando um momento estranho dentro das quatro linhas do futebol. Para os que, assim como eu, cresceram no momento em que o leque de times e jogos do futebol Europeu começavam a tornar-se populares no nosso país, os jogadores que começávamos a conhecer eram Beckham, Figo, Shevchenko, Crespo, Pirlo, Zidane, Maldini e por aí vai. Esses eram os jogadores tops da Europa que conhecíamos mais de perto. Diferente dos esquadrões dos anos 90, principalmente, que nossos pais ou irmãos mais velhos ouviam falar, mas que assistir mesmo, só de vez em quando. Quando não, apenas em Copas do Mundo.
A sensação para quem cresceu vendo esses craques em campo é esquisita. Quem estava acostumado a ligar a TV para ver um jogo do Liverpool contra o Chelsea, esperava para ver o embate entre Gerrard e Lampard. Um nos Reds e outro nos Blues, respectivamente. Mas agora com a transferência dos dois para o futebol norte americano, fica um vazio no meio campo, ocupado por Hendersons ou Matics da vida. Não é a mesma coisa.
Já havia sido um choque para alguns a mudança de Milão para Turim de Andrea Pirlo. Como assim o Maestro da camisa 21 havia deixado o Milan depois de 10 anos e ido para um dos principais rivais, a Juventus? Não parecia certo. Tal qual é estranho ver Xavi, considerado o maior jogador da história da Espanha, se mudar para o Qatar ou Raúl, símbolo máximo do Real Madrid, que passou por Schalke 04 da Alemanha para depois também seguir para o Qatar, até chegar aos E.U.A. Esses jogadores mereciam um final tão grande quanto suas histórias, mas preferiram os "petrodólares" a um final de carreira digno, em alto nível, tal qual Maldini teve. 
O momento atual é o de mudança, renovação, como muitos chamam. Mas ela precisa ser tão destruidora?
A lista vai aumentando a cada ano que passa e essa geração vai deixando seu legado agora nos vídeos de YouTube. Apenas nesse museu é que podemos voltar a ver Os Maiores Dribles do Mundo ou os Top 10 Golaços Del Piero. Essa geração está saindo de cena e hoje entram Sterling’s, Bale’s e Neymares da vida.
“O futebol está mais robotizado” e não fui eu quem inventou esse termo. Posso estar profundamente enganado, mas jogadores que tratavam a bola com todo o carinho do mundo, jogadores que podem ser chamados de craques sem que haja uma divergência de opiniões como Raúl, Totti, Nedved ou Seedorf, que antes pareciam existir aos montes, estão cada vez mais escondidos.
Dificilmente vou me acostumar a ver Casillas, que durante 15 anos defendeu o Real Madrid, agora de azul e branco debaixo das traves do Porto. Assim como não vou me acostumar quando Totti deixar de vestir a camisa do Roma. Esses são, além de jogadores extremamente talentosos, ícones de suas equipes. É como se fossem sinônimos uns dos outros. Até me causa certo incômodo ver que Schweinsteiger vai sair do Bayern de Munique, mesmo sendo para um outro time enorme, o Manchester United.
Esses grandes jogadores tinham uma identidade com o clube. No Barcelona tínhamos Puyol, que tinha estampado o símbolo de toda uma nação no rosto. Quando subia aos gramados, era a representação de todo o povo catalão, personificado em um homem só.
As mudanças na vida são inevitáveis. E infelizmente, mesmo que muitos de nós não queiramos, elas também atingem os gramados mundo afora.

Os homens que em campo faziam outros homens se emocionarem fora deles, parecem ter entrado em um processo de extinção. Que sorte a minha que pude desfrutar de alguns deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário